Desde as primeiras postagens nesse blog, todos nós autores nos preocupamos em informar nossos leitores a respeito do potencial, força e relevância que a internet possui no mundo globalizado de hoje. Relatamos sua interferência na indústria fonográfica, do entretenimento, na vida cotidiana, etc; sendo relevante desde os fatos pequenos aos de grande repercurssão e importância.
Todo o mundo está acompanhando ultimamente os protestos incessantes no Irã - por parte da oposição comandada pelo ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi - que reclama de fraude na última eleição presidencial realizada no país. O presidente reeleito, Mahmoud Ahmadinejad, negou as acusações até o 10º dia de protesto. Nesse dia admitiu erro na contagem dos votos em algumas cidades, mas mesmo assim recusou-se a anular a votação. E os protestos, até então, continuam.
Mas o que a temática desse blog tem a ver com tudo isso? Bem, o líder do governo iraniano tem reprimido os protestos, censurado informações relativas a esses acontecimentos dentro do país, e proibido a atuação de jornalistas estrangeiros na cobertura dos fatos. Foi criado um verdadeiro bloqueio dos meios de comunicação iranianos.
Para driblar a censura do governo e propagar para o mundo as imagens, videos e relatos do clima de tensão e violência que assola o país, os iranianos encontraram uma forte arma: a internet. Os olhos e ouvidos do mundo tem sido as câmeras digitais e celulares e, consequentemente, a rede online.
A maioria dos protestos e movimentos tem sido organizados via Twitter, uma espécie de microblogging. O próprio líder da oposição, Mir Hossein Mousavi, possui o seu e por meio dele já mobilizou vários iranianos em protestos. Imagens e vídeos confrontam as informações alegadas pelo governo de "repressão pacífica" e de números pequenos de mortos e feridos.
No Youtube,
Flickr e nos próprios serviços de postagem de fotos oferecido pelo Twitter, imagens dos protestos em si e da repressão violenta são divulgadas para o conhecimento do mundo. O Facebook também tem sido largamente utilizado para a discussão e organização dos movimentos no país.
Uma jovem iraniana morta durante um dos protestos, identificada como Neda, é o maior símbolo da resistência e luta da oposição. Um
video amador (cuidado: cenas fortes) registrou sua morte trágica em meio a repressão e já foi visto por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo através do Youtube.
No entanto, a guarda revolucionária, uma espécie de forças armadas paralelas do Irã, ameaça bloquear todos os sites que incitam os protestos no país. A internet, principal e único meio que o povo iraniano encontrou para ter voz e mostrar para o mundo a sua realidade, está ameaçada no país. Resta saber se o governo vai realmente conseguir conter e restringir o acesso à rede e fazer calar esse povo que parece verdadeiramente disposto a lutar com unhas e dentes por justiça política em seu país.
Felipe