quinta-feira, 4 de junho de 2009

Furtos e Fofocas do Virtual






É difícil encontrar atualmente alguém que não tenha informação, a respeito de si mesmo, na Internet. É tão comum perguntar para uma pessoa se ela tem orkut, facebook, blog ou o mais recente Twitter.

A questão é: será que os internautas têm noção do que é ter dados sobre suas vidas em uma rede global?

Cada vez mais são maiores as formas de se “projetar” na Internet. Seja através de fotos, vídeos, perfis, trabalho, a privacidade se perde ao aceitar a conexão virtual com o mundo e o pior é que com ela também se vai a segurança. Daí os cuidados ao falar seu nome verdadeiro, local onde mora ou até mesmo que vai sair de férias e deixará sua casa sozinha. Esta última situação foi vivida pelo norte-americano Israel Hyman, que ao sair de férias com sua família para o Kansas postou no Twitter (rede social e servidor para microblogging que permite aos usuários que enviem e leiam atualizações pessoais de outros contatos através da Web ou por SMS e em tempo real) "Nós viemos para Kansas City. Visitar a família de @ noellhyman. Mal posso esperar para filmar alguns bons vídeos enquanto estamos aqui" e teve sua casa roubada.

Dizer que Israel Hyman agiu de forma inconsequente é até aceitável, entretanto será que muitos de nós faríamos diferente? A Internet já se transformou em algo tão importante para o nosso mundo que governos “democráticos” criam projetos visando à democratização tecnológica e inclusão virtual, ou seja, a World Wide Web é parte integrada ou desejo de muitas famílias do mundo inteiro e por isso erroneamente considerada inofensiva e “amigável”.

A Internet foi criada para encarar qualquer tipo de censura como um obstáculo e reconfigurar sua via de transmissão e assim ela se torna o símbolo máximo da expressão. O problema é que tanta liberdade desregrada não está sendo bem aproveitada. Quem tem e-mail está cansado de receber propagandas de diversos tipos – até aquelas já conhecidas “roubadoras de senhas” -, quem tem perfis em redes socias sempre está reclamando da invasão de privacidade. Mas, oras, se querem ter privacidade isolem-se do mundo! E por fim, até governo está tratando de tomar providências para domar a Internet.

O atual presidente dos EUA, Barack Obama, vai nomear especialista para cuidar da segurança digital do país. O escolhido deverá se responsabilizar pela supervisão de uma estratégia nacional para proteger os interesses americanos no universo virtual. Segundo ele, até sua campanha foi sabotada virtualmente no ano passado. Aqui se percebe que até mesmo a política sofre com a ascensão da Internet já que é inaceitável um governo que priva seu povo de ter acesso ao mundo através de um clique, como fazem alguns países do Oriente Médio. Isso já se transformou em questão institucional, como nos EUA onde por lei é proibido censurar o “caos da expressão” na Internet: “Os cidadãos têm um direito constitucional ao caos”, segundo a Corte Federal Norte-Americana.

O poder de escolher na Internet é algo ilusório, pois você decide que vai manter certas informações em sigilo e aí vem alguém e as colocam disponíveis para qualquer um que se interesse. Privacidade e segurança já são conceitos que se misturam ao falar sobre a W.W.W e as linhas que as separam de seus antônimos se tornam cada vez mais tênues.

A entrada no mundo virtual é cada vez mais fácil, saber sobre qualquer assunto é algo possível na rede, conversar com alguém a quilômetros de distância é instantâneo... só que proporcionalmente à essas vantagens cresce as facilidades para se cometer crimes via web, porque controlar uma vasta rede como essa é praticamente impossível. Governos que estabelecem censura em seus países têm que acostumar com o fato de que tal ato só vale para os domínios virtuais de sua região (o que não é quase nada efetivo).

Pedofilia, pornografia, roubo de senhas e até de casas, publicação de informações sigilosas, nomes de pessoas que são usados para fins ilegais criam um sentimento de indignação perante a Internet, mas que não é suficiente para uma punição efetiva. A web é colocada como meio de comunicação, meio que através da virtualidade projeta a realidade e que não deve sofrer nenhum tipo de restrição já que além de ser meio de comunicação também atua como espelho das relações socias; permite que pessoas conheçam pessoas, se relacionem entre si. Tais definições nos levam a perceber que a World Wide Web é a nossa sociedade do século XXI, sociedade em que nos relacionamos, trabalhamos, divertimos, comunicamos, entretanto não possui regras concretas, constantes e bem definidas. Não segrega povos – os une –, não valoriza classe social e nem religião e assim se torna a idealização individual de um mundo onde se expressar é a única lei respeitada.

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