sábado, 6 de junho de 2009

O eu e o outro na internet

A relação entre o eu e o outro é tema de numerosos escritos que atravessam os milênios até nós. O olhar o que está além de nossas fronteiras nunca foi uma das tarefas mais fáceis da existência humana. O contato com a diferença implica em valores (ou ausência deles) que muitas vezes não possuímos ou simplesmente não queremos possuir.

A revolução a que se submeteu nossa sociedade com a criação, propagação e desenvolvimento da internet e que a tornou, como afirma Castells "(...)o meio de comunicação que constitui a forma organizativa de nossas sociedades(...)"¹, desempenha um papel importante nesse processo, já que, direta e indiretamente, tem promovido, quase naturalmente, uma expansão, por menor que seja, dos horizontes dos usuários.

Analisando-se especificamente este fenômeno pela perspectiva do desenvolvimento da tolerância, o acesso ao que está além do "nosso mundo" na internet segue um processo já iniciado pelo desenvolvimento de outros meios de comunicação. A interação horizontal, a troca de informações não mediada, o maior conteúdo de imagens e explicações, além da liberdade que é característica desse meio são fatores que favorecem tudo isso.

Não nos entreguemos, entretanto, a romantismos tolos. É evidente que a internet não adquiriu poderes que lhe permitam atuar tão intensamente sobre seus usuários e mudar-lhes suas visões de mundo. Não se pode ignorar que uma mudança na maneira de conviver com o diferente parte de uma iniciativa individual. Antes de tudo, devemos, isto sim, observar o processo histórico em que a internet se insere e as ferramentas que ela oferece para a reprodução e a ampliação das conquistas relativas a ideais de tolerância e respeito, contribuindo para que eventos destrutivos não mais se produzam.

Por Luciano

1. "Internet e sociedade em rede", texto da autoria de Manuel Castells.

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